O GUIA FORA DE PORTAS

DA REGIÃO DE SETÚBAL


Una Sera Nel Seiscento Italiano

24 Out 2021
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Cezimbra Antiqua
La Nave Va

O florescimento renascentista aliado à mudança do paradigma de existir somente música religiosa, proporciona uma escrita musical instrumental, desta feita baseada em obras vocais conhecidas na época. A utilização de chanson, de motette e madrigale a várias vozes por alguns dos mais conhecidos compositores da época, passa a ser executado transformando a melodia de uma das vozes (passaggiato) em momentos de criatividade técnica e domínio instrumental nunca até então conhecido, mas sempre baseado na voz, o instrumento perfeito e o qual todos os outros devem imitar (Sylvestro Ganassi in Opera Intitulata Fontegara). A alegria e o sofrimento, a marotice e a malícia, a esperança e o desespero, o amor e a inconstância, o virtuoso e o pecador: o ouvinte é remetido até a um universo de sensações que pendem entre o desespero da dúvida entre a vida/morte e momentos de pura fruição e júbilo, mormente pela improvisação, qual cúmplice de novas leituras na interpretação literária do texto vocal, explicitada em agonizantes dilacerações harmonicamente dissonantes e enfatizadas pela articulação e dinâmica, em oposição a movimentos de notação rápida simbolizando o deleite e a leveza do ânimo.

António Carrilho

O ensemble La Nave Va foi criado em 2004 por António Carrilho e Luísa Tavares, com o objetivo de redescobrir e trazer a cena o repertório de câmara vocal e instrumental dos séc. XVII e XVIII, tocado em instrumentos de época. Tem a direção artística e musical de António Carrilho.
O nome, inspirado no imaginário de Frederico Fellini, evoca aventuras, descobertas, viagens pelo mundo e pelo tempo, tendo por veículo a música. Ousaremos transportar-vos a tempos idos, a salões de castelos e palácios, a igrejas e capelas, e até a velhos teatros onde outrora muita música soou, muitos risos, suspiros, lágrimas e silêncios se escutaram. E vibraram corações sem idade. Os instrumentos e as vozes, ora apenas uma, ora duas ou três, o lânguido acorde de um alaúde, ou o som de uma flauta a flutuar no espaço… A Música de Sempre.
Este ensemble já se apresentou, com diversos programas e formações, na Temporada de Cravo de Óbidos, no Festival de Música do Bombarral, Festival de Ópera de Óbidos, Festival Are-More em Vigo, no Europarque, no Centro Cultural de Belém, no festival de Sintra.
As suas produções mais ambiciosas, tanto pelo número de participantes como pelos meios envolvidos, foram as óperas de câmara Dido and Aeneas, de Henry Purcell e La Déscente d’Orphée aux Enfers, de Marc-Antoine Charpentier, realizadas em Vigo, em Óbidos, em Alpiarça (em associação com a produtora Eventos Ibéricos) e no Auditório de Espinho.
Concertista, criador conceptual de conteúdos, professor e diretor musical, António Carrilho divide a sua atividade musical entre a flauta de bisel e a direção, abrangendo um repertório que vai desde o Trecento italiano até à música mais recente dos nossos dias sem deixar, no entanto, de interpretar e transcrever a música do século XIX.
Foi solista com as orquestras Gulbenkian; Sinfónica Portuguesa; Metropolitana de Lisboa; Orchestrutopica; Den Norsk Katedralenensemblet (Noruega); Sinfonietta de Lisboa; Divino Sospiro; Os Músicos do Tejo; Orquestra Barroca de Haifa (Israel); Orquestra Sinfónica da Póvoa de Varzim; Orquestra Barroca de Nagoya (Japão); Orquestra de Cascais e Oeiras, Concerto Balabile (Holanda); Orquestra de Câmara da Madeira; Orquestra Barroca do Amazonas (Brasil) e premiado nos Concursos Internacionais Recorder Moeck Solo Competition (Inglaterra), assim como Recorder Solo Competiton of Haifa (Israel).

É diretor artístico e musical de La Nave Va, assim como é diretor musical e solista de La Paix du Parnasse (Espanha) - membro da associação” Grupos Españoles de Música Antiga” e faz parte dos agrupamentos Syrinx : XXII - membro da associação “Chamber Music America”; Syrinxello; Borealis Ensemble; Orlando Furioso; Os Músicos do Tejo e diretor musical de Melleo Harmonia Antigua, apresentando-se em importantes festivais na Europa, América, Oceânia e Ásia.
Gravou para as etiquetas: Encherialis; Numérica; Naxos; DGartes/ MPMP; portugaler; dialogos; Musik Fabrik; Arte France/ RTP.
Ministra masterclass nos Cursos Internacionais de Música Antiga de Urbino em Itália e nos Cursos Internacionais de Música de Mateus (direção pedagógica) em Portugal, tendo orientado cursos e estágios em países como Portugal, Holanda, Austrália, Espanha, Alemanha, Itália, India, Japão e Brasil.
É Professor Adjunto na ESART - Escola Superior de Artes Aplicadas. Leciona na ANSO - Academia Nacional Superior de Orquestra. Tem arranjos editados na AvA musical editions. Estuda direção de orquestra com Jean Marc Burfin.

Raquel Cravino – Violino
Nasceu na cidade da Covilhã. Iniciou-se na música aos cinco anos de idade no Conservatório Regional de Música da Covilhã em piano e ballet. Sob a orientação do Professor António de Oliveira e Silva, estudou violino na Escola Profissional de Artes da Beira Interior durante seis anos. Em 2002 obteve o diploma de Licenciatura na Academia Nacional Superior de Orquestra - Violino, na classe da Professora Ágnes Sárosi. Foi bolseira do fundo de apoio ao estudante, da Câmara Municipal da Covilhã e da Associação Música - Educação e Cultura. Realizou diversos cursos de aperfeiçoamento de violino e de música de câmara com Manuel Teixeira, Sergey Kravchencko, Angelique Loyer, Gerardo Ribeiro, Augustin Dumay, Boris Kuniev, Jan Dobrelevsky, Vladimir Ovcharech, James Dahlgren, Gilles Apap, Alexandre da Costa e na pedagogia do violino com Bogumila Burfin, Gwendolin Masin e Joyce Tan. O seu interesse pela música antiga levou-a a aperfeiçoar os conhecimentos no violino barroco frequentando masterclasses com Enrico Onofri, Enrico Gatti, Richard Gwild, Francesca Viccari, Chiara Banchini e em música de câmara com Vittorio Ghielmi e Alfredo Bernardini. Como freelancer, tem realizado concertos regulares com diversas das mais importantes orquestras Portuguesas (Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras, Orquestra Metropolitana de Lisboa, entre outras) e tem uma participação em variados projectos artísticos de música antiga - Orquestra Barroca da Casa da Música, Músicos do Tejo, Divino Suspiro, Flores de Música, Melleo Harmonia, Orquestra Barroca de Mateus, La Nave Va e Concerto Campestre. Dedica-se ao ensino desde 2002 como docente de violino na Escola Artística de Música do Conservatório Nacional e no Conservatório Metropolitano de Música de Lisboa. Os seus alunos têm sido laureados em diversos concursos nacionais e internacionais e tem sido regularmente convidada a orientar workshops e masterclasses. É Mestre em Pedagogia do Instrumento, pela Academia Nacional Superior de Orquestra / Universidade Lusíada de Lisboa, sob a orientação do Professor Aníbal Lima. É membro fundador do Quarteto Arabesco. Em julho de 2019 foi selecionada para a Juilliard Piccola Accademia, onde teve aulas de violino com os Professores Robert Mealy e Elizabeth Blumenstock e de música de câmara com os seguintes Professores; Sandra Miller, Phoebe Carrai, Dominic Teresi e Béatrice Martin. Em fevereiro de 2020, foi admitida como solista, através da Fundação Giorgio Cini, para participar num seminário sobre o compositor Veneziano Antonio Caldara, orientado pela Professora Amandine Beyer. Frequenta actualmente o 3º semestre do Mestrado em Música Antiga - especialização em violino barroco com o Professor Benjamin Chénier na Escola Superior de Música de Lisboa.

Catherine Strynckx - violoncelo
De nacionalidade francesa, Catherine estudou em Paris, Praga e na "Menuhin Academy". Personalidades como, M. Strauss, A Lysy, R. Aldulescu, G. Kurtag, Y. Menuhin, N. Magaloff, A. Louvier, R. Latzko, I. Gavrish, B. Pergamentchov marcaram o seu percurso. Catherine Strynckx foi chefe de naipe nas Orquestras em França e na Suíça durante 10 anos: na Camarata Lysy (1989-1992) e na "Orchestre des Pays de Savoie" (1993-2000); foi membro da Orquestra Nacional do Porto (2000-2002) Catherine obteve os 1o Prémios de Música de Câmara nos Concursos Internacionais de Caltanisseta, Trapani e é laureada do Concurso Internacional “Vittorio Gui “de Florença. Ela foi membro fundador, do "Serenade String Trio", do grupo de música contemporânea Sirius e do Trio com clarinete “A Piacere” Tocou  a solo e em grupos de câmara em muitos países: Estados Unidos, Alemanha, Suíça, República Checa, Eslováquia, Argentina, Tailândia, Sultanato de Omã, Malta, Quirguistão, Peru, Brasil, França, Holanda...
Catherine Strynckx gravou para a rádio francesa ("France Musique"), Checa, Eslovaca, Suíça, Antena 2. Gravou também 8 discos, dos quais o Quarteto para o Fim do Tempo, (centenário do nascimento de Olivier Messiaen), a integral da obra do compositor F. Lopes-Graça para cordas e cordas e piano com Olga Prats assim como a integral da obra de música de Câmara para cordas de Joly Braga Santos. Com Violoncelo Barroco trabalhou sobre a direcção de R. Goebel, T. Koopmann, C. Coin e Fabio Biondi Lecionou nos Conservatórios de Besançon e Belfort em França e deu cursos de aperfeiçoamento na Tailândia, Brasil, Suíça, Portugal e Alemanha. Catherine Strynckx tem uma vasta experiência no ensino do violoncelo e a sua atual atividade pedagógica divide-se entre a Escola Superior de Castelo Branco e a Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa. O seu interesse pela música contemporânea levou-a a colaborar regularmente com compositores. Participou nos projetos da Orquestra Utópica nos últimos anos. É membro do Trio Syrinxello, Stretto Duo com Acordeão e do Quarteto Lopes-Graça. Catherine Strynckx apresenta-se regularmente em concertos e festivais de música em Portugal e fora.

Jenny Silvestre - cravo
Jenny Silvestre é licenciada em Cravo (Escola Superior de Música de Lisboa) e em Direito (Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa). É doutorada em Ciências Musicais Históricas (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa). Conta com uma pós-graduação em Cravo (Escola Superior de Música da Catalunha, Espanha) e uma pós-graduação em Gestão Empresarial, vertente de Estratégia de Investimentos e Internacionalização (Instituto Superior de Gestão). É fundadora e presidente da Academia Portuguesa de Artes Musicais. Assume as funções de diretora dos Congressos Internacionais de Musicologia Histórica organizados pela Academia Portuguesa de Artes Musicais, bem como a direção dos projetos pluridisciplinares da mesma. Foi diretora e programadora artística de diferentes festivais e ciclos de concerto. Atualmente, é a diretora artística do Música no Termo. Participou na estreia mundial das obras “Magnificat em talha dourada” e “Horto sereníssimo”, do compositor Eurico Carrapatoso, bem como no conto infantil “O que aconteceu no Museu da Música”, do compositor Sérgio Azevedo. Estreou ainda a “Inventio 2”, de Bruno Gabirro e a peça “Prelúdio e Festa”, de Sérgio Azevedo, especialmente escrita para ela. Em 2009, foi assessora musical do premiado filme do realizador chileno Raúl Ruiz, “Mistério de Lisboa”. Em 2011, foi a cravista convidada para o II Concurso Internacional de Composição Fernando Lopes Graça, dedicado ao cravo. Em 2018 estreou, no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, o seu primeiro filme documental, “Momento 1910”, acompanhado pela orquestra Melleo Harmonia, orquestra residente da Academia Portuguesa de Artes Musicais que ela mesma criou.

PROGRAMAÇÃO

B. Marini (ca. 1587-1663)
Sonata sopra “fuggi dolente”

Aurelio Virgiliano (ca. 1540 - ca. 1600)
Ricercata seconda
(flauta solo)

F. Turini (1590 - 1656)
Sonata “E tanto tempo harmai”

H. I. F. Biber (1644-1704)
“Passacaglio”
(violino solo)

B. Marini
Sonata “La Monica”

G. Frescobaldi
(1583-1643)
Tocata nona do Livro 1)
(cravo solo)

G. B. Buonamente
(1595 - 1642)
Ballo del Gan Ducca

Giuseppe Colombi (1635-1694)
Ciaccona
(violoncelo solo)

D. Castello
(1590 - 1658)
Sonata XII (livro 2)

 

FORMAÇÃO
  • António Carrilho, flautas
  • Raquel Cravino, violino
  • Catherine Strynckx, violoncelo
  • Jenny Silvestre, cravo
  • Pedro Martins, tiorba e vihuela
Equipamento:
Igreja de Nossa Sra. da Consolação do Castelo
Horário:

Domingo, às 16h

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