Inauguração da Exposição // 12 mar 16h00
"Uma procissão de pessoas que estavam muito descansadas nos seus retratos, longe de imaginarem o que ainda lhes havia de acontecer.
Existem, neste conjunto de trabalhos, duas abordagens diferentes.
Uma primeira em que, tendo uma ideia de uma determinada cena, e porque não tinha um modelo sempre disponível – e não podia pedir a amigos para aparecerem numa pintura com, por exemplo, umas orelhas de burro (eles eram capazes de não gostar lá muito e eu era bem capaz de ficar sem amigos muito rapidamente) – usei a minha própria imagem. Era bastante prático, eu estava sempre ali à mão de semear, para aquilo que fosse preciso. Porém… um pouco narcisista.
A páginas tantas era bastante cansativo ver-me por todo o lado, sempre ali, búúú, a assombrar-me a mim própria. Daí que, cansada de mim própria, tenha passado a ter como base dos trabalhos aqueles que não se podem defender (ou ofender) dos absurdos: fotografias de pessoas antigas, do início do século XX.
Curiosamente, aqui o processo é o oposto: enquanto nos trabalhos em que eu sou “protagonista” as poses eram encenadas para corresponder a uma determinada ideia, nas pinturas dos “antigos” a imagem já existe… é então preciso olhar com muita, muita atenção, como que para um enigma, para perceber o que é que afinal podia estar ali a acontecer. É uma dessas infindáveis hipóteses que aparece em cada tela. Mas há muitas mais… cada um pode ver o que quiser."
Penélope Clarinha, 2022
Pedimos a Penélope Clarinha que nos desse uma ideia do que seria esta exposição e esta foi a resposta que obtivemos. Não é fácil definir esta artista, no seu site, define-se como “artista de variedades”. Logo se percebe que o humor tem aqui um lugar de destaque e, pelos autorretratos, sabemos que está ela própria e o mundo que a rodeia também estão lá, presentes nos seus trabalhos.
Diz que pinta “porque é bom, porque me faz sentir bem e com bem não quero dizer tranquila, longe disso, pintar, ao contrário do que me dizem tantas vezes, não é nada tranquilizante, pintar é um desassossego, é uma montanha russa, e logo eu que detesto atividades radicais, me foi calhar ficar assombrada por esta necessidade…”
Descobrir o trabalho de Penélope Clarinha é a proposta da Galeria para esta exposição… estamos à vossa espera!
Esta exposição "parados no tempo" realiza-se simultaneamente nos dois espaços, realizando-se em dois momentos diferentes, um na Arte Periférica, em Lisboa e outro na nossa Galeria Municipal, inaugurando a 11 de março, sexta-feira, na Arte Periférica e a 12 de março na nossa Galeria, havendo informação cruzada em ambas as galerias.
Horário: De terça a sábado: 09h00-12h30 /14h00 -17h30
Entrada gratuita.
Exposição patente até ao dia 23 de abril 2022.
instagram.com/galeriamunicipaldomontijo
