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DA REGIÃO DE SETÚBAL


Palavricas d'Amor

31 Out 2021
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Canções Sefarditas em Ladino
Noa Noa

Noa Noa oferece uma selecção de canções sefarditas; estas foram remodeladas de maneira criativa, assumidamente contemporânea que procurou acentuar neste reportório a sua ligação à cultura ibérica.
O adjectivo «sefardita» remete, num sentido estrito, para a diáspora dos judeus de origem ibérica: quer os muitos expulsos no final do século XV, quer os convertidos à força ao cristianismo ou seus descendentes, que abandonaram depois a Península para retomar a religião hebraica. Em suma, trata-se de canções tradicionais de uma população judaica geograficamente dispersa mas com raízes ibéricas comuns.
A língua destas canções é o «ladino» em sentido genérico (ou judeo-espanhol). Trata-se de um linguajar cuja base é o castelhano de c. 1500, mas que incorpora influências aragonesas e portuguesas, e também termos e expressões oriundas das línguas correntes nas áreas onde os sefarditas se estabeleceram (incluindo o árabe, o albanês, o servo-croata, o turco e o persa). Ocasionalmente, há até construções sintácticas decalcadas do hebraico. O «ladino», falado ainda hoje por uma minoria de sefarditas, pronuncia-se frequentemente de maneira mais próxima do português do que do castelhano moderno, porque a sonoridade do castelhano, no Renascimento, se distinguia menos do português do que na actualidade.
Os textos das canções chegaram até nós em múltiplas versões; como nem sempre os seus inícios coincidem, os estudiosos baptizaram os textos de circulação mais alargada com um título de referência. (...) Alguns dos poemas têm uma forma arcaica, de matriz medieval, mas a maioria segue as convenções da poesia ibérica do período moderno, com uso de quadras (...). É no romanceiro que os arcaísmos são mais notórios. Porém, maior antiguidade formal, do tempo das cantigas d’amigo (c. 1200) ou anterior, têm as estrofes de dois versos pontuadas por um refrão curto (...).
No que concerne à temática, a canção de boda remete para imaginários antigos e para práticas e expectativas sociais hoje completamente caídas em desuso.(...)
Quanto à música, este é normalmente o aspecto mais recente das canções sefarditas recolhidas da tradição oral no século XX. Nos géneros profanos, e especialmente na canção de amor ou de entretenimento, o gosto melódico era muito permeável às tradições musicais circundantes. Não temos transcrições ou gravações de canções sefarditas anteriores a 1911; as primeiras recolhas sistemáticas foram feitas por Manuel Manrique de Lara no Mediterrâneo oriental e em Marrocos, e Alberto Hemsi, apenas no Oriente. Desenganem-se, pois, aqueles que julgam encontrar na canção sefardita sonoridades típicas da época da expulsão; a renovação da tradição, condição para a sua continuidade ao longo das gerações, passou sempre pela actualização musical. Daqui se conclui que Noa Noa está, do ponto de vista histórico, em excelente companhia.

Manuel Pedro Ferreira

 

Fundado por Filipe Faria e Tiago Matias em 2012 – antecipando o 110º aniversário da morte do pintor pós-impressionista Paul Gauguin (1848-1903) – Noa Noa procura explorar, em música, as fronteiras da liberdade criativa que os artistas da viragem do século XIX para o XX propunham alcançar.
Com uma discografia de 4 títulos - Língua, vol.1 (2014) , Língua, vol.2 (2015), De la mar (2017) e Palavricas d'amor (2018) - e uma carreira de mais de 60 concertos em Portugal, França, Bélgica e Japão, Noa Noa dedica-se às línguas, dialectos e culturas ibéricas assumindo uma construção moderna tendo como ponto de partida a voz humana.
O nome do ensemble é inspirado no inovador livro "Noa Noa" de Paul Gauguin (1901) no qual o artista descreve os tempos passados em retiro criativo na Polinésia francesa, em especial no Tahiti. Envolto em polémica, tanto Gauguin como o seu Noa Noa são ainda hoje sinónimos de liberdade criativa.
Noa Noa assume, no início de 2013, o estatuto de Artists-in-Residence em Idanha-a-Velha, é apoiado pelo Ministério da Cultura/Direcção-Geral das Artes e é representado pela Arte das Musas.

PROGRAMA

Palavricas d'Amor
Canções Sefarditas em Ladino

• No vo comer ni vo beber
• Durrne, durme, hermozo hijico
• La rosa enflorece
• Cuatro años de amor
• Porque qué llorax blanca niña
• Mi suegra la negra
• En la mar hay una torre
• Hija mía, mi querida (baixo pendular)
• Lavava y suspirava
• Una pastora yo amí
• Yo m'enamori d'un aire
• Adio querida

FORMAÇÃO

  • Filipe Faria, voz, assobio, melódica, chalumeau
  • Tiago Matias, guitarra romântica, colascione, saz
  • Raquel Reis, violoncelo
  • Baltazar Molina, percussão
Equipamento:
Igreja de Nossa Sra. da Consolação do Castelo
Horário:

Domingo, às 16h

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