“Vivi a minha infância com a minha mãe, a minha avó e o tio Ricardo. Uma vez por mês, o meu tio se fantasiava de bruxa e me perseguia pela casa. Me sentia uma princesa perdida na floresta, corria e me escondia aterrorizadx. Em 2011 o meu tio morreu e me deixou toda a sua herança - uma caixa com 1000 arquivos colecionados nas décadas de 70 a 90, com um recorte geográfico de quinze países: Angola, Brasil, Chile, EUA, Peru, Panamá, Portugal, Canadá, Itália, Espanha, Holanda, Israel, Iraque, UK e Suíça - O que uma princesa faz com o legado de uma bruxa?

Para o MAPS proponho um ensaio, uma apresentação work in progress a partir da herança do meu tio Ricardo, conhecedor exímio da geografia mundial, que faleceu por decorrências da AIDS... uma ode à geografia como espaço de diversidade sentimental, espaço do amor filial e erótico. Um atlas vivo e utópico, catártico e glamouroso, como os guetos das décadas de 1970 e 1980.” 

DIEGO BRAGÀ  é um artista Luso-Brasileirx a viver em Lisboa. Inicia os seus estudos artísticos pela dança e pelo estudo das obras da artista plástica neoconcreta, Lygia Clark. A sua criação interdisciplinar é centrada na presença e na catarse. Possui um mestrado em Crítica, Curadoria e Teorias da Arte pela FBAUL; pós-graduação em Creating Theatre and Performance pela London International School of Performing Arts. Em Portugal participou da Écoles des Maîtres 2018 orientada por Tiago Rodrigues. No Brasil cofundou a premiada plataforma MADAME TEATRO. Trabalhou como intérprete com Susan Worsfold, Julie Beauvais, Mickael de Oliveira e Jérôme Bel. Concebeu os espetáculos: “Salomé”; “Cleopatra”; “BATA-ME!”; “Em Louvor à Vergonha” e “Pop Love”. As suas criações questionam a relação entre vida e arquivo, Amor e memória, Espiritualidade e queer art. Recebeu os prémios CenaEspetáculo, Cena Minas, CenaMúsica, entre outros. Em 2011, foi escolhidx como artista revelação pela Revista Encontro: Personalidades do Ano. 

Evento da edição de 2021 da MAPS – Mostra de Artes Performativas em Setúbal.